quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A torta da Débora (ou quase isso)


Faz um certo tempo que comecei a gostar mais da cozinha.
Digo mais porque de certa forma, sempre gostei e estive nela (fato facilmente comprovado pela desnecessária sequência de fotos que tenho, devorando um sanduíche de presunto. Sim, a infância é injusta!).

Cozinha, na minha cabecinha, sempre se ligou a mamãe. Não que exista em mim qualquer desejo ardente de um pseudo-machismo, mas sempre foi na dita cuja que via ela. Nos bons momentos, nas dores que ela eventualmente sentia, nas horas em que somente um petisco de madrugada te compreende;... sempre foi lá (mas não somente lá) que via minha mãe.

E com ela, tudo sempre foi maravilhoso e "engordativo". Acho que tudo bem, vindo das mães, porque elas não fazem por mal, mas sempre cozinham bem. Vai me dizer que sua mãe também não faz a melhor comida do mundo?
Pois, a minha faz.

E sempre fez com tanto gosto, com tanto prazer que eu simplesmente me colocava na feliz situação de espectadora das panelas, dos cheiros, dos sabores. Mas como a felicidade é uma constante e não uma permanência, eu cresci e tive que conhecer outras cozinhas, longe daquela que me acompanhava até então.
Muitas foram as boas surpresas, outras nem tanto e fato é que cada vez mais fico longe da cozinha de mamãe.

E é triste isso, porque não é só a cozinha ou a comida em si, é o espaço, o momento, a arrumação que fazem a cozinha ser A cozinha e a cozinheira ser A cozinheira.

E como eu realmente não vou poder parar o relógio da vida para ficar mais tempo com ela, resolvi carregar um pedaço de tudo o que vivi naquela cozinha comigo. Porque a cada minuto que me aventuro com as panelas e temperos, é como se eu resgatasse um pouco do tempo que não posso passar mais com a mamãe.
Assim, muitos foram os lugares queridos que comecei a visitar diariamente para ver receitas, modos de preparo, diquinhas, utensílios, tudo para dividir com ela no fim do dia, ou quem sabe preparar no fim de semana. Pois é como o
Vinícius já dizia: "E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?"

E foi em uma dessas aventuras que tentei a mega-hiper-master fácil receita postada pela querida
Débora, do mais querido ainda Cozinha Pequena. Porque né? tudo lá é muito bom e praticamente impossível não amar esse espaço feito com tanto amor e carinho. E como eu sei de tudo isso sem mesmo nunquinha na vida ter visto o Leandro, a Marcele e a Débora? Tão fácil como tudo que eles postam lá: é só reparar no tanto de amor que vai em cada receita, em cada punhado de carinho que é colocado nas letras que contam histórias lindas.

E assim, com a cara, a coragem e um pouco de maçãs, fiz a minha versão (nem tão) doce da Torta (bem) simples. Troquei o azeite pelo óleo (pura preguiça de usar manteiga) e o recheio foi de maçãs fatiadas com uva passas. No lugar do sal, uma xícara de açúcar, que bem podia ser duas ou pelo menos mais meia. O queijo por cima deu um toque que meu paladar implorou para sentir mil vezes mais. Também foi dica dela colocar coco ralado no lugar do queijo. Ficou tudo muito lindo e honesto e eu só tenho que dizer: acreditem no tempo de forno. A minha torta saiu bem mais queimadinha no fundo do que eu imaginava.

Também é minha obrigação dizer que com ela quentinha e uma bola de sorvete de creme ia muito bem.
Pena que a sorveteria estava longe e a fome bem perto.


A mãe não comeu a torta, pelo diabetes que a impede. Mas o namorido gostou muito e eu mais ainda, porque aprendi uma comidinha nova e puder alimentar com amor aqueles que amo tanto!


Obrigada Débora, por mais esse momento que me fez "brincar" de ser minha mãe!