terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Meus 3(00) passos

Esse post é especialmente pra @Ester_Neves

Eu sempre fui uma pessoa de pele problemática. Tanto que não tenho nenhuma memória onde minha pele está "boa".
Isso era o que eu achava.
Não que a pele fosse boa e eu não sacava, acontecia (e as vezes ainda acontece) que a minha pele -  e a de todo mundo, eu acho - pedia umas coisas que eu ainda não tinha capacidade de entender o que era. 

Eu ficava crente que só um esquema difícil e complicado e caro podia um dia ajudar minha cutis ter uma vida feliz. 

Ainda bem que as coisas mudaram. Hoje, o que mudou mesmo minha pele não foram os dígitos a mais que eu pago nos produtos, nem as dicas malucas que a gente sempre encontra por ai - sejam na internet ou na vida real (alou pessoas com tias e suas dicas infalíveis!!). O que mudou mesmo foi a quantidade de informação da vida real que eu tenho acesso.

E não se trata de fazer aloka! e se auto medicar ou coisa que o valha. Eu falo de uma coisa mais profunda que simplesmente esfregar um ácido na sua cara; falo de olhar pra sua pele, entender porque daquelas reações, identificar o que você está fazendo e ter meios - sejam financeiros e intelectuais - de corrigir isso. 

Claro que, se eu tivesse o poder da escolha, todo mundo tinha dermatologista 24 horas disponível. Mas não é assim que a banda toca e as vezes a gente precisa tomar decisões antes de chegar a consulta. Então, esse post é mais sobre isso: como sobreviver entendendo o que sua pele tá dizendo e indo além - já saber antes o que ela vai dizer.

O título desse post faz alusão ao amado salve-salve kit de 3 passos da Clinique (sonho de consumo). E confesso que até tinha juntado uma grana pra investir nele, mas aconteceu que eu li uma coisa aqui, outra ali (minha imensa lista de feeds tá ai pra comprovar...) e a opção por usar o kit foi adiada. 

Sem o kit pronto, eu comecei a prestar muita atenção no comportamento da minha pele. Quando ficava mais oleosa, quando ficava mais limpa, em qual horário do dia tinha melhor textura, quanto descamava, quando ficava com aspecto estranho, etc. E o mais importante, como eu queria que minha pele fosse. Porque é estranho ler por ai que as garotas de pele oleosa preferem uma pele mate ou coisa parecida. Não é o meu caso. Eu já entendi que pele mate mesmo não existe na vida real; e eu quero uma pele de vida real, que tenha brilho, que reflita luz, que tenha textura macia e que seja de verdade e não de plástico.

Foi a partir dessas informações que eu comecei a pesquisar produtos que funcionavam para garotas que buscavam as mesmas características de pele como eu. Então li sobre filtro solares, sobre hidratantes, sobre sabonetes, e toda infinidade de produtos que se possa usar. 

Hoje, depois de algumas adaptações, minha rotina está assim (mas em breve alguns produtos serão incluídos)

Manhã
Lavo o rosto com o Gel ducha esfoliante Asepxia, que pode ser bem suave se usado na quantidade e pressão certas. Como minha pele acorda com uma camada bem generosa de óleo, eu me sinto confortável em usar esse produto, apesar do grânulos que ele tem. 

Depois de lavar, uso o Tônico adstringente Nivea Visage pele oleosa, aplicado com uma fralda. E porque isso? A dica foi da Julia Petit e eu aderi tanto por não produzir mais lixo pro mundo (alou bolinhas de algodão que vão pro lixo) quanto por achar que a aplicação fica mais uniforme e potente. Esse produto é bem interessante, porque ao mesmo tempo que limpa bem não provoca nenhuma ardência nem mesmo deixa a sensação de repuxar a pele.

Em seguida vem o hidratante facial Rapid Clear da Neutrogena, que é um produto pra levar pra vida da minha pele, porque é super na medida. Não meleca nem falta na hidratação, além de deixar um aspecto bem bonito e uma textura muito gostosa na pele. Praticamente um carinho.

E por fim, o filtro Roc Minersol Oil Control Fps 30, que deveria ser considerado um mimo e não um creme, de tão gostoso. Esse é o primeiro tubo que eu uso e se a conta bancária permitir esse será meu filtro pra sempre. Não porque ele é miraculoso, exatamente ao contrário: ele é bom e honesto, cumpre com a proteção e deixa minha pele feliz e saudável.

Todos esses produtos são aplicados nessa ordem e não ocupam 5 minutos da minha manhã sonolenta. 

Noite
A noite é sempre meio confusa pra mim, não sei exatamente se é melhor aplicar depois do banho (onde seria, teoricamente o segundo momento pra limpar/lavar a pele) ou se antes de dormir - considerando é claro que eu tomo banho beeeem antes de ir dormir. Vida de interior.

Mas independente da hora de dormir, a rotina é:

Lavar o rosto com o sabonete de limpeza profunda Vichy Normaderm, que é aplicado com uma escovinha facial (vibe totalmente Clarisonic manual) em movimentos circulares. Esse sabonete é uma coisa que assim, logo de cara, se espera milagres. Mas não é por ai. Ele é muito bom e eficiente, mas precisa de um tempo e de continuidade pra operar.

Depois aplico o tônico novamente e uma camada de 3 gotas do sérum concentrado Complexo Vegetal da Koloss, produto que comprei a um tempão e rende que é uma maravilha. Honestamente, na embalagem diz que ele tem função hidratante, mas eu não indicaria para quem precisa de uma mega power hidratação noturna. Ele é ótimo e realmente 3 gotas são mais que sufientes pro meu rosto e pescoço. Deixa a pele gostosa e com um cheirinho bom. 

Depois vem o creminho fofo Aqua Sensation Anti-olheiras da Nivea, o  que é uma delicinha vendida em potinhos. Potinhos mesmo, porque ele é ultra micro, mas tá valendo pela durabilidade. Só encosto a ponta do dedo no potinho e o que sai dá para os dois olhos. Claro que era melhor uma colherzinha, mas eu não tenho.

E pra selar tudo isso, umas boas borrifadas de soro fisiológico geladinho. Dica que aprendi com a mais que incrível Renata Velloso, do Bulle de Beaute. Ela sempre tem dicas incríveis sobre muitas coisas.

Bem, é isso. 
Esse é meu carinho comigo mesma, todos os dias - ok, alguns dias falham... 
Mas se antes eu achava que eu precisava de uma pele perfeita, hoje eu tenho certeza que quero uma pele saudável. E é por e para isso que eu faço pequenos esforços de tempo e de dinheiro. 

nayarac.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mil perdões

Os corajosos que me perdoem, mas eu sou fraca.
Sou do tipo que sofre. Que chora fácil. Que não esquece.

Eu até gostaria de vestir uma armadura de gelo para entender por outros meios que essa enxurrada de pseudo realidades. Essa falsa fala aberta, essa medíocre necessidade de chocar.

Gostaria também de ver o quanto isso é eficaz. Sim, porque eu ainda quero acreditar que existe alguma coisa maior do que a crueldade purista que fica mascarada atrás das fotos, das palavras, das informações.

Eu queria ser forte, mas não sou. Queria ter a capacidade de enxergar além, mas não tenho.

Desculpa se você é incapaz de sofrer por quem não pode se defender.

nayarac.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dica boua: Concentrat Mega Power Capicilin




Na minha última visita a Sumirê de Araçatuba (um mês e meio atrás) encontrei esse simpático potinho da Capicilin. Na verdade, eu estava procurando esse produto da Nouvelle, o Reparador de Pontas Cristalli Liquid, que a Fefeh deu a dica no incrível blog dela - que contém a maior quantidade de coisas que eu desejo ultimamente.

Mas não tinha na loja e diante de um precinho módico - R$2.30 - resolvi testar. E foi uma grata surpresa. A ideia é ser uma super hidratação depois da lavagem e honestamente falando, eu não sei avaliar os benefícios intrínsecos dele, mas é um produto realmente legal e cumpre o que promete no quesito deixar os fios macios e bonitões.

Vi agora no site que existem outros sabores, mas como dá pra ver na imagem, o meu é de vitaminas A e E e tem um cheirinho bem bom de coisa pra cabelo.

A textura dele é um creminho bem molinho, quase quase um liquidozinho, e o potinho apesar de pequeno (40ml) rende muitas aplicações. Eu uso sempre no comprimento junto com meu leave-in do momento.

Mais uma coisinha fofa pra um troquinho perdido no bolso.

nayarac.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dica boua: shampoo antirresíduos Capicilin




Depois de algum tempo lendo sobre a importância de manter os fios limpos como um xampu próprio para esse fim, meus olhos começaram a passear mais atentos nas prateleiras das farmácias e afins.

Nos blogs, sempre que o assunto aparecia eu também me interessava mais. Afinal, cuidar do picumã é algo bem importante - mesmo que seu picumã seja bem temperamental como o meu.

Acontece que as opções mais comentadas não estavam ao meu alcance. Não que as dicas e sugestões dadas não fossem boas; acho que até eram - eu nunca provei e tal - mas eu não sou do tipo que faz aloka de uma coisa só porque tem um rio de gente falando sobre ela. Então, eu continuava procurando algo legal pra minha realidade.

E ainda bem que foi assim, porque pude encontrar algo tão legal pra mim e que vi pouca gente comentar. To falando do xampu da foto acima. Eu já havia provado outros produtos da Capicilin e isso foi um fator a mais pra eu provar ele, já que nunca tinha visto na blogolândia nada sobre ele.

E posso dizer com certeza que é realmente um ótimo produto: limpa bem e de verdade os fios (como sei disso?! olha o truque: http://www.truquesdemaquiagem.com.br/beauty-drops-shampoo-certo-uso-certo-resultado-incrivel/ ; é, pode ser que nesse vídeo não tenha a dica do cabelo limpo de verdade, mas ele é ótimo tb e você pode ler e ver os outros posts e vídeos da Paola, ok? :D)

Só acho meio engraçado a constistência do xampu ser assim, meio uma gelatina em processo de endurecimento. Mas não sei dizer se isso é assim mesmo ou também se atrapalha na parada toda da limpeza - ou mesmo se ajuda. Fato é que o cabelo fica limpinho e depois da máscara (ou condicionador) o resultado é sempre bom.

Ele tem um cheirinho agradável de algo fresco que não fica depois no cabelo (ou no meu caso pode ser mascarado pelo cheiro da minha máscara; tem que ver isso ai) e a quantidade de espuma é média. Como é um produto de limpeza e tal acho que não deveria mesmo fazer aquela espuma, mas enfin, é bom avisar.

O preço dele foi R$9,50 e eu comprei na Rekint's de Birigui. Mas certamente existe em outros lugares; Birigui é sempre o último na listinha das coisas. HAHAHHAA

Então é isso: realmente faz diferença no quesito limpeza, não agride o bolso e deixa o picumã bem lindão depois.


Update: esqueci de dizer que - e obviamente foi pelo horário que escrevi o post - que meu cabelo não é muito volumoso e que apesar de médio/grande é bem fininho e encaracolado (quando não há revolta). Pode ser que com outros tipos de cabelo o comportamento do xampu seja outro. E eu uso o meu a cada 15 dias, com indica na embalagem, mas é mais porque eu não uso assim tanta coisa locona no meu cabelo do que pela indicação.
E o que a Ana disse nos comentários é fundamental mesmo!!


nayarac.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Adendo

Eu não sei exatamente de onde vem essas coisas que rodam nossas cabeças e ficam ali, zumbindo e zumbindo para o infinito e além.
Faço até certa ideia, mas não tenho a certeza que me permitiria registrar isso aqui.
Mas sei que é estranho pra caramba.
É um tal de competição, de aparecer antes, de finjir de morto. Tanta coisa acontecendo e tudo o que se pensa é se vou estar formado/rico/casado/mãe/pai/ir e voltar do Everest antes dos coleguinhas.
Não importa se tem veneno na latinha, o que garante as "mina" no final do baile é se você ficou bem de garoto proganda de nada.

nayarac.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Incompatibilidade

As fotos desse post estão aqui: flickr.com/photos/nayarac/

Daí que eu nasci com duas coisas. Uma delas são os dedos gordinhos (rá! só os dedos, Nayara?) e a outra é um amor incondicional a anéis.

Acontece que - e quem tem dedos maiores ou menores sabe disso - é meio difícil encontrar anéis que sirvam nos meus dedos. Mas difícil ainda é encontrar um anel que sirva em mais de um dedo, tipo anelar + médio, que é pra dar uma variada.

Então, o que me pareceu bem natural desde sempre foi vascular mais e mais fundo as banquinhas, lojinhas e afins por anéis bacanudos. E além disso, aconteceu que desenvolvi - meio que na garra - uma maneira de criar alguns anéis pra mim. Porque vascular nem sempre rendia o suficiente.

Assim, tudo na minha mente podia se transformar, eventualmente, em anel. Qualquer botão, pedrinha, bolinha charmosa poderia se unir felizmente a uma base de anel daquelas bem fuleira e ta-dã! estava pronto o anel. Claro que nem sempre tudo dava certo, mas o processo sempre foi divertido.

Por conta dessa pequena obsessão, eu tenho vários anéis. E ainda continuo gostando deles e achando que um anel sempre pode dar aquele up na produção. Dar aquele toque de personalidade, sacam?

Esse post é especial pra querida Abigail, do Does this bow make me look fat. Eu conheci ela por um papo ao acaso e ela, como amante de anéis como eu, logo pediu pra ver minha micro coleção. E aqui ela está.

nayarac.

As fotos desse post estão aqui: flickr.com/photos/nayarac/

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O brechó

Tem gente que sabe, tem quem não saiba ainda mas vai saber agora: minha fama de amar brechó é antiga.
Nossa! chega a ser anterior a própria vida. E isso aconteceu bem assim: um dia acordei e declarei meu amor eterno, horas e glória ao mundo dos brechós/segunda mão/ganhado da tia, primas, amigas, alguem que passou na rua e deixou lá.

Eu já havia pensado em falar sobre isso faz tempo. Acontece que (e isso é muito absurdo) tem gente com preconceito a brechó. E não é assim: "ah! eu não curto e pronto". É algo como: "eu não curto, não sei o que é e te condeno por isso". E eu que sou boba só por fora não queria dar pinta de salvadora da pátria do terceiro mundo defendendo o consumo diferente.

Porque nem é exatamente isso - o consumo mais consciente ou reciclado ou qualquer outro adjetivo que caia bem - que eu defendo em si. Eu gosto de brechó porque gosto mesmo. Antes de todas essas coisas acontecerem no mundo eu já gostava de brechó. Antes mesmo de eu saber como soletra reciclável. Quem me conhece desde sempre (cunhada, mãe, amigas antigas) vão confirmar isso.

E tá, o que tem então no brechó que eu gosto? Das muitas respostas que eu poderia dar, a mais honesta seria: as coisas dentro de um brechó nunca são somente coisas. São pedaços da vida, da história, dos amores e dores de alguém. E cara!, como eu acho isso legal!

A roupa é barata? Sim! Tem coisas diferentes? Tem! Tem só roupa boa e bem conservada? Não! Tem só coisa legal e estilosa que te transforma na maior referência entre as amigas? Ai depende, né?, porque não é tudo que se encontra no brechó que é legal pra você. Tem coisa muito legal, mas nem todas são pra você e ai mora o segredo do sucesso em um brechó: achar as coisas que são pra você. Porque pensa, o mundo tá ai desde muito antes de você e toda sua família existir e certamente já teve alguém com uma filosofia/estilo/experiência/gosto de vida (oi?!) parecido com a sua. Vai que todas as coisas dela estão no brechó agora?! Sua chance!!

Aqui em Birigui tem alguns brechós no centro e muitas portinhas lokas! escondidas nos bairros. Eu conheço vários, até de outras cidades que visito. E sempre que surge uma oportunidade de ir em um brechó, bazar de igreja ou similares eu vou. É tão legal ver que existem peças, acessórios, sapatos que são exatamente como você sonhou um dia e nem sabia! Fora que a imaginação multiplica de tamanho em lugares assim: é tudo tão diferende dos padrões que fica quase impossível não se levar.

Mas claro, tem brechós que são bagunça e poeira, com algumas lojas de roupas "novas" e isso ninguém pode negar. Então essa alegação de que não vai no brechó por esse motivo já não cola mais. Exemplo maior são os brechós lindos e de sonhos que vemos cada vez mais por ai, como A minha avó tinha, o Camarim, o B.luxo e afins.

E outra coisa que os brechós rendem pra mim são as risadas maravilhosas que rola com as amigas e aventureiras de brechó. A Mari Mari, a Monica, minha mãe, até a cunhada entrou na dança comigo no brechó! E olha que nossa aventura rende até hoje!!

Eu tenho os brechós em um lugar especial do meu coração! Porque é tão legal saber que aquilo que parece uma bobagem - camisa, calça, sapato, bolsa - teve vida já, recebeu carinho de alguém antes de você, viveu antes de você e agora - com você! - vai começar tudo de novo: carinho, cuidado, experiências....

nayarac.

PS: esse post só foi escrito pelo leeendo It MTV de ontem no brechó A minha avó tinha! (aqui)

domingo, 24 de abril de 2011

Treinando a maturidade intelectual

Alguns dias atrás houve um significativo tremor nas discussões sobre a política brasileira. Tudo bem se você não ficou sabendo, porque obviamente discutir alguma coisa sem fazer críticas ou as fazendo de maneira sensata não aparece no JN.
E diante da minha nova empreitada - a de exercitar a intelectualidade - me pertido registrar que por mais que sejam necessários os debates é mais ainda que esses sejam feitos por pessoas despidas de suas ferraduras enferrujadas.
Porque, qual o sentido de debater algo se você está lá para defender com unhas, dentes e cargos políticos seu ponto de vista? Vejam bem, não é deixar de ter opinião. É simplesmente saber que sua opinião não é a verdade dos fatos, não é o ponto de partida do assunto, não é a coisa mais linda da face da terra.
Até eu, com a imensidão da minha ignorância soube perceber isso, como é que os intelectuais brasileiros não?
#ficaapergunta.

Para saber sobre o que não saiu nas manchetes do Tv Fama, clica aqui: O papel da oposição, por Fernando Henrique Cardoso, em Vi o Mundo.

nayarac.


terça-feira, 12 de abril de 2011

o Inexplicável

Acredito que outras pessoas além de mim sentem uma falta danada de certas coisas.
No meu caso, coisas que não sei, que não conheço, que nunca estiveram comigo.

A única coisa que eu sei mesmo é que toda essa falta dá uma dor, uma angústia, uma vontade de não acordar mais que nossa!, sei lá como eu estou aqui escrevendo isso.

Não é só um mal querer próprio sem motivo. É um vazio dolosoro, uma chatiação da existência que, cada vez mais, aperta e sufoca.

Como faz pra escolher não ter mais isso?

nayarac.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Paralelas

Muitas coisas ocorrem sem que eu saiba.
Muita gente sorri, chora, canta, se lamenta enquanto eu fico em outra dimensão.
Acontece que as vezes eu também faço parte dessas pessoas invisíveis. Todo mundo fica invisível as vezes.
E pensando sobre isso nessa pseudo solidão me deu a impressão de que nem sempre ficar fora dos holofote é ruim. Claro, é ruim as vezes, mas ficar só você com você mesmo e todas suas inconveniências sociais pode ajudar em algo.
A se ver, por exemplo.
A ver mais alguém além de você.
Ajuda também a pensar que as coisas não andam tão bem assim quanto você imaginava com toda aquela luminosidade te cegando.
E essa foi outra coisa que eu percebi. No final, acho que seu saldo comigo está mais no vermelho do que eu imaginava.

lamentavelmente, nayarac.

quarta-feira, 30 de março de 2011

No imaginário

Já pensou-se, na humanidade toda, que deveria haver um lugar (ou tempo) onde tudo funcionasse. Vários foram os momentos irrecuperáveis gastos em idealizar esse pequeno privilégio, esse pequeno Éden.

Acontece que tanto pensamento, tanta vontade investida deixou um vácuo de espectativas, de ânsias não correspondidas. Pessoas e pessoas cresceram esperando o minuto onde gozariam de tamanha felicidade, de excesso de funcionalidade.

Mas isso não ocorreu. A única coisa que existiu nesse imenso pesadelo foram os órfãos desse desejo de que um dia tudo ia correr fluente e leve. E não há nada de funcional em deixar tanta gente frustrada assim.

Alguém que julga ser eu.(nayarac)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ninguém gosta do feio.

E isso é fato.

Ainda hoje conversando com minha cunhada - pessoa que sempre me mostra boas oportunidades de rever meus conceitos e abrir minha mente - percebi, meio perplexa, meio desapontada que realmente ninguém gosta de nada que seja feio.

E bem, qual a novidade nisso?

Nenhuma.

Poxa, como assim eu não consigo ver, entender, perceber nada de incrivelmente estranho nisso? Remoí esse pensamento a tarde toda. Porque afinal, eu que estou aqui, depois de tanto ler, estudar, pesquisar, viver...como aceitar um feio e pronto?

Não tem nada que importa naquilo que todo mundo chama de feio? Nada que faça valer a força, inteligência, tempo gastos ou investidos para gerar o feio?

Como assim?

E como um suave final de brisa um pensamento se revelou em minha mente: "não é o feio, querida, é o desconhecido. Afinal, como encontrar beleza - que não passa tão somente de um punhado de significados particulares - em algo que não se conhece?

E assim eu encontrei um lampejo de paz. Eu não posso esquecer que falta de conhecimento (e isso é para ser lido da forma mais ampla e menos preconceituosa que existe) faz as pessoas enxergarem apenas o que querem, da forma que querem e ignorar - completamente - o resto.

nayarac.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Para Neusa Costa - com carinho.

Lembro-me que, mesmo sem um grande saber sobre as coisas, eu sentia que aquela mulher - a professora - era tudo o que eu precisava ser.
Ser presente, ser verdadeira. Multiplicar aquele saber que me inquietava o coração. Entre tantas palavras bem vindas que ela me ofereceu, algumas, como essa se salvaram em minha mente.


A MÃO


Entre o cafezal e o sonho
o garoto pinta uma estrela dourada
na parede da capela,
e nada mais resiste à mão pintora.
A mão cresce e pinta
o que não é para ser pintado mas sofrido.
A mão está sempre compondo
módul/murmurando
o que escapou à fadiga da Criação
e revê ensaios de formas
e corrige o oblíquo pelo aéreo
e semeia margaridinhas de bem-querer no baú dos vencidos
A mão cresce mais e faz
do mundo-como-se-repete o mundo que telequeremos.
A mão sabe a cor da cor
e com ela veste o nu e o invisível.
Tudo tem explicação porque tudo tem (nova) cor.
Tudo existe porque foi pintado à feição de laranja mágica
não para aplacar a sede dos companheiros,
principalmente para aguçá-la
até o limite do sentimento da terra, domícilio do homem.

Entre o sonho e o cafezal
entre guerra e paz
entre mártires, ofendidos,
músicos, jangadas, pandorgas,
entre os roceiros mecanizados de Israel,
a memória de Giotto e o aroma primeiro do Brasil
entre o amor e o ofício
eis que a mão decide:

Todos os meninos, ainda os mais desgraçados,
sejam vertiginosamente felizes
como feliz é o retrato
múltiplo verde-róseo em duas gerações
da criança que balança como flor no cosmo
e torna humilde, serviçal e doméstica a mão excedente
em seu poder de encantação.

Agora há uma verdade sem angústia
mesmo no estar-angustiado.
O que era dor é flor, conhecimento
plástico do mundo.

E por assim haver disposto o essencial,
deixando o resto aos doutores de Bizâncio,
bruscamente se cala
e voa para nunca-mais
a mão infinita
a mão-de-olhos-azuis de Candido Portinari.

Carlos Drummond de Andrade

Para ela.

Durante minha curta vida, eu já quis muitas coisas. Desejei estar em vários lugares, ter diversos poderes, ser outras pessoas. Mas em nem um momento eu quis tanto e com tanta intensidade ser essa menina como uma flor.


Para uma menina com uma flor

Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, que aliás você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.


E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.

E porque você quando sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar.

E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre num nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, como uma santa moderna, e anda lento, a fala em 33 rotações mas sem ficar chata.

E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der aquela paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.


E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca.

E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta mas não concorda porque é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho.

E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara- na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.

E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.


E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena; é um vazio tão grande que as outras mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê.

E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse, cantando sem voz aquele pedaço em que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.


E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha - a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nestas montanhas recortadas pela mão presciente de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa. E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão, de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfeitando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

Vinícius de Morais - daqui.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Estante Virtual - eu já comprei muito lá.

Uma das inúmeras coisas boas que entrar na faculdade me trouxe foi a possibilidade de comprar vários livros que eu jamais conseguiria ler "sozinha". Foram vários os universos paralelos que encontrei em cada página, em cada vírgula de um pensamento escrito.

E assim uma consistente experiência de compra de livros (que é diferente de comprar outras coisas) foi gerada em minha mente. E hoje me ocorreu que uma dica muito preciosa para universitários e amantes de plantão são os sebos - principalmente um sebo em especial. Um não, mas 1.827, que é o total de sebos cadastrados no Estante Virtual.

O Estante Virtual é uma ideia sensacional de um cara mais sensacional ainda. Contudo, o mais bacana nisso é a possibilidade de encontrar pequenos tesouros (ou aquele livro que vai te salvar nos exames finais). Porque é tudo muito fácil quando você mora em um lugar onde existem muitas opções em cada esquina, mas quando sua localização é difícil até pro Google Maps, uma mão na roda como essa é salvadora.

Basicamente o esquema funciona assim: você acessa o site, pequisa seu livro ou tema ou autor, encontra o melhor custo benefício (estado do livro/preço/frete/forma de pagamento), dá uma olhada básica nas avaliações do vendedor e, finalmente, fecha a compra. Tudo uber fácil e amigo do ambiente (primeiramente) e do bolso. Porque é injusto com um livro - qualquer que seja - ficar guardando tanto conhecimento em suas páginas, sem ninguém pra ler.

Imprimir um livro novinho em folha tem consequências que todos sabemos. Então se for possível comprar um já lido por alguém é bom negócio com T-O-D-A certeza. Fora que essa atitude não fere os direitos de nenhuma das partes: afinal livros novos já precisam ser publicados todos os dias para que um dia sejam enviados aos sebos.

Eu já recomendei muito o site na minha vida offline. Professores, amigos, parentes, namorido, sogrita, cunhada: todos eles já estão com os ouvidos pesados de tantas vezes que eu falei sobre o assunto.

E sempre que o orçamento permite eu compro muitos livros lá. Porque ler é a coisa mais legal que eu aprendi a fazer. E talvez toda essa admiração seja porque eu encontrei nessa ideia de reunir sebos uma chance a mais que todos temos de ir além. Ler, pra mim, sempre foi ir além.



Essa foi a newsletter que recebi de ano novo deles. E essa mensagem faz realmente muito sentido pra mim.

nayarac.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Panela de pressão.

Nos últimos dias que se passaram me permeti a extravagância de pensar um pouco.
E nessas caraminholas da minha cuca encaracolada notei que "coisas" andam acontecendo por ai. Óbvio que minha constatação não broutou do nada: é quase um apanhado de pequenos olhares - internos e externos - que ocorreram nesses tempos.

Porque assim como o Menóquio, as vezes eu arrisco "abrir os olhos e olhar". E puxa! como hoje em dia está difícil ser infeliz, né? Sem grandes profundidades intelectuais pseudamente atribuidas a mim; falo de uma maneira mais cotidianamente. Sim, porque se as coisas chegam no ponto de você não poder comer mais nem o seu feijão com gosto de cozido na semana passada só pode ser porque ser infeliz está virando crime.

Gente, se o feijão foi cozido na semana passada, que mal há nisso? Só vale se for feito no dia? Na hora? Semi-cru??!?
E quem pode cozinhar feijão todo dia. Minha mãe não pode (era realmente necessário dizer que eu tenho quem cozinhe para mim? Isso já não estava claro?!). Tenho certeza que a sua também não.

E mesmo assim elas - minha e sua mãe - nos amam. Porque não é servindo feijão com gosto de "hoje" que se constrói qualquer coisa que seja, incluindo relação mãe e filho.

Fora o feijão tem outras coisas; cada vez mais coisas. É um tal de água saborizada (!!!!), refrigerante sem açúcar mas que tem gosto de açúcar, pasta de dente sabor morango...enfim, a lista é longa. O ruim disso é que cada vez mais é possível, aceitável e até quase obrigatório viver em um mundo irreal. Sim, porque se você acha que é possível ter gosto de abacaxi sem ser feito dele, sim muito: estão te enganando.

E qual é meu problema com isso? Simples: eu não sou feliz o tempo todo. E nem preciso ser, porque afinal faz parte da racionalidade da espécie saber que hoje você encontrou a caça e dormiu de barriga cheia. Amanhã isso pode não acontecer e nada vai mudar - sua barriga vai ficar vazia mas isso é completamente superável.

Gente! o feijão pode ter sido cozinho ontem, anteontem, semana passada. Não há problema nisso! Coma o feijão, saiba porque é bom comer ele, saborear ele, sua história, suas propriedades. Seja feliz porque você está comendo ele e não infeliz porque ele não tem o gosto de feito no dia. É a coisa em si e não a máscara que ela carrega.

É previsível para mim que esse assunto seja de relevância nula, visto que quem exige felicidade total em 5x sem juros e com gosto de feijão do dia somos nós mesmos: brasileiros e brasileiras, cidadãos do mundo, mães e pais e filhos que nunca param para ver que o legal é viver mesmo e não dentro do comercial. Somos nós que não suportamos a ideia - mesmo remota - de comer feijão com gosto de feijão. Precisa ser cena de novela, de cinema, de comédia romana.

E como todo tempo, força, inteligência e beleza gastos nisso, é difícil mesmo ter um punhado de gente consciente de si e do outro - que é você em potencial amanhã. É mais fácil esquecer as imagens ou situações que não gostamos/aceitamos/compreendemos quando existe um consolo tão confortante como o sabor de um feijão cozido no dia.

Ainda mais quando existe de forma tão superficial e mentirosa.

nayarac.