segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cedo demais

Já faz tempo.
Tempo que eu queria te escrever, tempo que não nos vemos, não nos falamos. Tempo demais.
Tempo que estamos fisicamente separadas.

Talvez eu seja fraca demais, talvez eu me sinta culpada, responsável por tudo. Mesmo sabendo que minha culpa, assim como minha ajuda, não mudariam nada. Nunca mudaríamos nada; a História não muda e você sabe disso.

...

Tenho pensando muito em você, nos últimos tempos. Antes e depois de tudo o que aconteceu. Pensando se agimos certo, se fomos verdadeiras o suficiente, se fomos até onde nos foi oferecido. Se agimos certas, acredita que eu pensei nisso?

Pensei também nas coisas que vivemos. Nas coisas que conversamos. Nas que rimos. Nas que choramos. Será que choramos alguma vez juntas ou foi apenas minha memória querendo aumentar os momentos que passamos juntas? Não sei dizer mais.

O que sei dizer é que ficou um buraco em mim; sei que soa egoísta, comparando o buraco que ficou nos outros, mas quero dizer que não é para ser assim. Eu não sei dizer o que perdi; se foi a amiga, se foi a confidente, se foi a colega de trabalho, a piadista, o exemplo de mulher, a liderança forte que me convencia com poucas palavras a fazer qualquer coisa. Acho que perdi, junto com você, a incrível capacidade de rir, até quando chorava. 

Você era isso: a interminável capacidade de se reinventar. Para os outros e para você mesma. Cada dia uma mulher, cada dia uma pessoa, cada dia mais errada e mais certa. Cada dia de cada vez, vivendo, aprendendo, ensinando, sonhando. 

É estranho saber que nunca mais vou receber um email seu. É engraçado me assustar ao ver seu perfil, ainda ativo. 
É engraçado citar você para as outras pessoas. É estranho e doloroso demais saber que não tem mais nada de você em lugar nenhum.

Sabe, o que foi mais estranho ainda foi ver te trancarem, com chaves e tijolos num lugar que nunca vai ser seu. Foi engraçado também, porque eu pensei naquela hora "que tolos, ela nunca vai ficar presa, em lugar nenhum. Ela não vai aceitar isso, vai querer sair, ficar livre." 

E acho que agora você está, livre de uma maneira que sempre mereceu. Livre pra entender tudo o que sempre quis; livre de um jeito que você sempre acreditou que seria.

- - - - - - - - 

É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais...


com irremediáveis saudades, de nayarac. para anap.

domingo, 19 de agosto de 2012

Brincando na Deal Extreme

Faz tempo que conheço a loja Deal Extreme e suas páginas tentadoras, recheadas de maluquices e trequinhos interessantes. Mas até então nunca tinha pedido nada lá, apesar de ensaiar isso várias vezes.
Ai, aconteceu de um colega de trabalho comentar que iria fazer um pedido lá e eu resolvi pedir algumas coisas pra ver qual é que era.

Os pedidos foram bem bobinhos, mas se mostraram incrivelmente eficientes! Essa esponjinha - que veio em dose dupla - é realmente uma graça. Limpa bem direitinho a pele, não machuca e ainda tá um plus na circulação da face, já que as as cerdas são arredondadas. 

A molinha removedora de pelos realmente funciona. E rola sim uma dorzinha na remoção, mas não é nada assustador. Na primeira vez, é meio difícil manusear e tal, mas funciona assim mesmo e os pelos saem sem traumas nem vemelhidão na pele. Eu só usei no rosto, mas acho que em outras áreas tb seja eficiente. 

Já li em alguns lugares que esses itens são facilmente encontrados no bairro da Liberdade - SP, mas pra quem não pode ir até lá fica a sugestão do site. 

A compra chegou em 30 dias corridos e não fomos taxados.




nayarac.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Por trás do espelho


Sabe quando vc acorda e o sol não tá brilhando?
Ou quando vc gostaria que naquele dia não houvesse a menor obrigação a ser cumprida, só pra poder se esconder debaixo das cobertas?

Então, é assim que eu tenho andado. Talvez não por vontade própria, mas o fato é que estou em  auto reclusão. Trancada, estou impedida de viver. Não perca seu tempo me questionando as razões disso, eu não direi nada. Nem sobre como é triste carregar esse fardo, nem sobre como eu queria me libertar, mas perdi a chave dessa cela. 

Só estou aqui e não sei como sair. Talvez eu não queria saber também; já estou na fase do tanto faz. Cada dia que nasce e morre é um enorme tanto faz na vida de tanta gente, pode ser na minha também. Eu sou capaz de me acostumar com isso. Ou não. Nem com isso eu sou capaz de lidar. Podia ser diferente, né? Mas não é.

Eu to cansada dessas ilusões de que eu vou ser melhor um dia, de que em algum momento vou respirar sem nenhum pesar, só o ar entrando e saindo. Mas aqui dentro eu me proibi de mentir e esperar isso seria o mesmo que mentir vinte cinco vezes.

Aqui só tem exagero; só tem cansaço; só tem vazio. Eu to cheia de vazio. Não dá pra esvaziar, sair disso, chorar até acabar. Só dá pra viver cada dia no mínimo possível, ficando cada dia com mais pena de mim mesma. Só da pra torcer pra amanhã ser um dia sem sol e me esconder debaixo dessa coberta.

nayarac.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Boka Loca

Admito que existe em mim uma compulsão nada normal por compras. Não que isso represente alguma loucura, mas é fato que alguns itens tem brilho especial no meu coração.
Um desses itens é baton. Não que eu tenha muitos, mas isso se deve mais pelo mínimo controle que ainda existe em mim do que por qualquer outra coisa.

Assim, diante de alguns posts que vi pelos blogs queridos, quis fazer uma graça e catalogar os meus batons. Também foi uma tentativa de variar o make do dia a dia e me forçar a usar todos os bonitos. 

Não tem muito o que dizer sobre cada um; as escolhas foram feitas pelas resenhas das meninas mais sabidas de todas da net, como a Anninha, a Julia, a Ana, as Divas, a Claudinha, a Marina e algumas outras, que me fazem ficar com a carteira mais vazia e a penteadeira mais recheada. 


Algumas fotinhas ficaram estilo ~vergolha alheia~, mas tudo bem. Publiquei todas primeiramente no meu tumblr e a ideia já era colocar aqui também, pra servir como referência pra quem quiser comprar alguma cor igual.

Bem, é isso. Todos os batons foram aplicados diretamente da bala na boca, sem anular a cor natural dos meus lábios.  Qualquer dúvida, só perguntar.

Beijos!! (lol)

nayarac.


Update (10/08/12): Ganhei um lip pencil ontem e comprei mais uma cor. Seguem os links! Bloom, da Nyx e Teddy Bear, da Maybelline.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Nenhum título cabe aqui.

"Ainda que eu falasse a língua dos homens e a língua dos anjos, sem o amor eu nada seria."

Normalmente, eu começo sempre meus textos com o título. De nada adiantou a professora de línguas dizer a vida inteira que o título deveria ser o último a ser colocado; eu sempre comecei a escrever por ele. Era o título que sintetizava minha ideia, condensava meu sentimento por aquilo que eu escreveria.

Mas dessa vez não vai ser assim. Eu não sei como resumir em uma ideia ou frase ou palavra o que vou escrever, nessa memória virtual. Não sei como começar, nem ao menos qual é o sentimento predominante dessa experiência que relato.

Talvez seja justo dizer que um sonho, quando realizado, se torna mais sonho ainda do que era antes. Porque fica aquela sensação do etéreo, aquele gosto na boca duvidando se foi mesmo verdade aquele fato. Eu estou assim, nesses últimos tempos.
Pensando no que vivi, tenho a impressão de talvez nada tenha sido real. Ou real demais, quase trivial, passando desapercebido na repetição das minhas lembranças.

Mas não. Não foi nada trivial.

Fui a um show, o Tributo à Legião Urbana, uma das bandas mais lembradas e comentadas e cantadas nas aulas de violão aqui do Brasil, de todos os tempos. E não entra aqui méritos ou não musicais, apenas a devoção cega e total da minha pessoa. E de todas as outras 6.999 mil que estavam lá no Espaço das Américas dia 30 de maio. E também das outras que não estavam lá de corpo presente mas de coração e alma.

Engraçado que eu já fui em alguns shows, mas nenhum tinha o que teve naquele dia. Não eram fãs esperando uma banda. Não eram pessoas esperando ouvir músicas legais ou se divertir por algumas horas. Não era um evento social. Era uma reunião de pessoas cantando os trechos de suas vidas, transformados em músicas. Era uma multidão de corações partidos - e ainda alguns por partir, vide a grávida do meu lado na pista. Era um bando de gente chorando a falta daquilo que ninguém sabia o que era. Era um coral cantando as canções mais verdadeiras que eles podiam cantar.

Todo mundo era estranho e conhecido ao mesmo tempo, porque todos estavam ali tentando resgatar um pouquinho daquelas coisas lindas cantadas por eles e pelo Renato. Todo mundo indo ao delírio com qualquer palavra dita por aqueles músicos, tão divinizados por nós naquela noite. 

Não era um show racional. Ninguém ali queria saber de afinação, de coerência musical, de notas corretas. Ninguém ali queria julgar nada. Todos só queríamos viver aquele momento tão especial, tão esperado por tantos anos. Queríamos cantar nossas canções prediletas, ouvir nossos ídolos, chorar com cada nota que saída da boca e dos instrumentos deles. Queríamos delirar naquela noite.

E deliramos. O show foi uma comoção, um delírio geral. Um tipo de transe contagioso pairou sob nossas cabeças naquelas quase duas horas e meia de músicas.

Foi uma experiência muito mais linda do que eu sou capaz de escrever. Porque não foram "só" músicas. Cada música cantada era um jura, uma promessa feita a nós mesmos de amor, comprometimento, de fidelidade. Cantar era prometer que jamais esqueceremos daquele sentimento vivido ali.

Ser fã da legião urbana - tudo o que ela significa, não somente a banda - é selar um compromisso com tudo o que existe de mais verdadeiro e honesto em nós mesmos. 


No final de tudo, quando as luzes se acenderam e a multidão foi saindo ao som de Por enquanto, caminhando devagar a meia luz, eu percebi que a fé movia aquelas pessoas. Todas ali, balbuciando aquelas palavras, indo de volta pra casa com um pouco mais de esperança, de amor, de respeito. Religião urbana nunca fez tanto sentido.

Posso parecer demasiada nesse relato. Mas não poderia ser diferente. Não seria eu se não fosse assim. 

Afinal, a riqueza que nós temos ninguém consegue perceber.
Quase ninguém, eu diria. 

nayarac.

PS: o show que eu fui está disponível aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Cfd0iQXcNqE&feature=results_video&playnext=1&list=PLD66072B0D9F660B8

terça-feira, 12 de junho de 2012

a Espera.

Para Alexandre Bini

esperar | v. intr. | v. tr.
1. Estar à espera; ficar esperando.

v. tr.

2. Ter esperança ou esperanças.

3. Contar com.

4. Aguardar.
5. Armar emboscada ou espera a.
6. Conjecturar, supor.
7. [Brasil]  Aparar um golpe; pôr-se em guarda.


Tem dias que a gente acorda mais cedo. Em outros, a gente se esforça pra não dormir o dia todo.
Tem dia que dá vontade de comer tudo o que se encontra num raio de 5 km. Tem dias que só a luz do sol basta.
Namorar é mais ou menos assim, uma coisa louca. É uma coisa, um estado de espírito, um comprometimento com o irreal. É uma coisa bem maluca, no fim das contas.

Pra mim - e não há meias palavras aqui - namorar é insistir no erro. Insistir pra aquilo que não pode funcionar, que não pode ser duradouro. 

Naquilo que não tem sentido.

Porque namorar, não faz o menor sentido mesmo. Namorar não é um vínculo eterno que te une a alguém. Namorar é efêmero.

Afinal, porque querer dividir a cama, se ela pode ser só sua? Comer só metade do tablete de chocolate, ouvir músicas que você nem gosta tanto, fazer coisas que você nem quer tanto.
Qual o sentido existe em esperar alguém chegar pro jantar, mesmo que ele se resuma a macarrão instantâneo? 

Gosto de pensar que a graça esteja na espera em si. A espera de que um abraço seja suficiente pra resolver os problemas do trabalho; de que um beijo possa resolver uma mágoa; de que um jantar a dois possa selar um compromisso que só existe na ilusão. 

Namorar é esperar ser o suficiente pra alguém. Esperar que alguém seja o suficiente pra gente; para nossas dores, para nossas alegrias. 

Você pode ter sorte de namorar quem você ama, mas pode acontecer de não ser essa a ordem dos fatos. Pode ter sorte de namorar quem te faz rir, quem preenche aquele vazio que pra 93% da população só brigadeiro resolve. Pode acontecer de você namorar alguém que é legal somente 67% do tempo.

Mas pode ser que você namore alguém - como acontece comigo - que é meio desajeitado nesse lance de namorar. Alguém que aja mais no improviso do que na consciência. Alguém que nem sempre consegue ser o suficiente, mas que sempre tenta de novo no dia seguinte.

Namorar é test drive social dos relacionamentos. É fazer tudo certo pra ter certeza de que aquela escolha também vai ser a certa, mesmo sabendo que não existe nenhuma certeza nisso. Mas mesmo assim a gente tenta. Porque, assim como no meu namoro, se não foi hoje, pode ser que amanhã seja o suficiente. E eu espero que sim.


nayarac.

domingo, 27 de maio de 2012

Dica boua: Rosa Mosqueta hidratante facil revitalizante



Desde o ano passado, quando comecei a ouvir sobre a Korres no Brasil achei tudo bem interessante e possível.
Não tem nada a ver com o fato de marcas diferentes apostarem no país ou como de repente o mercado brasileiro é cool. Tem a ver com o fato de gostar de cosméticos e achar interessante quando produtos legais se tornam acessíveis.

Foi com esse pensamento que li algumas resenhas sobre a marca, mas ainda assim tudo despretenciosamente. E imagino que outras pessoas também possam ter lidos essas resenhas e se interessado como eu. Assim, diante do anúncio da retirada da empresa das terras brasilis, imagino ser útil para quem ainda tem vontade de usar a marca, o relato sobre o creme hidratante revitalizante rosa mosqueta.

Eu já havia lido sobre as propriedades do óleo essencial de rosa mosqueta em alguns blogs e achado tudo beeeem interessante. Mas quando eu li esse post da Jéssica,  do Amélie Queen, o desejo pelo hidratante em questão gritou bem alto. Juntei a informação, o fato de já querer cuidar melhor do meu rosto e a procura de algo bem hidratante pra usar durante a noite na pele, que já vive o dia todo com produtos pra consertar outras 500 coisas.

Comprei o potinho em um quiosque da marca no Shopping Market Place por R$40,00. Preço razoável pela quantidade de produto - 39ml - que devem durar pelo menos 1 ano e meio, usando todos os dias. 

Lendo a descrição do produto, vê-se que é indicado para peles secas, o contrário da minha. Mas eu me ative ao ativo do creme e fui com fé. O creme em si é bem espesso e eu resolvo isso borrifando no rosto soro fisiológico antes de aplica-lo. A sensação é de "onde tava essa pele maravilhosa que eu não sabia?!?!?". Bem isso mesmo.

Com esse ~truque~ do soro, a pele não fica oleosa mais do que ficaria, mas fica muito hidratada e viçosa, com um glow de pele nutrida e bem cuidada. Mas se preciso, ou quero, fazer uma aplicação direta sob a pele, também dá super certo. Só que isso eu faço quando quero uma power hidratação, por qualquer motivo que seja.

Assim, considerando preço, quantidade e efeito, esse hidratante é um ótimo investimento. Eu não o usaria de manhã e a noite, mas seria ótimo pra quem tem a pele realmente seca. Isso porque ele não pesa, é muito gostoso e suave ao toque e bem potente na hidratação. 

Peninha que a empresa vai encerrar as atividades no país, mas ainda dá pra comprar quem quiser testar.

nayarac.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O outro


Algumas vezes, naqueles momentos de distração, eu queria que você fosse outro.
Que você fosse alguém que ainda tem mistérios pra mim. Que ainda tem surpresas. Que ainda tem quereres.
Eu continuo te querendo - não me entenda mal. Mas as vezes, sinto vontade de que você tivesse outra cara. Outro cheiro. Outro beijo.
Que você ainda tivesse, no seu íntimo, a necessidade de uma conquista.

Por várias vezes desejei isso. Por algumas vezes busquei isso em outros olhos, imaginando que era você ali, transfigurado em outro ser. Quis que você fosse outra pessoa e também quis que não: que o outro não fosse você. 
Vendo o mundo por trás das janelas, eu quis que outros estivessem em seu lugar. Quis saber de como seria minha vida sem você e seus hábitos e trejeitos. 
Quis imaginar - e imaginei mesmo -  tudo ao contrário do que é hoje.

Em outros procurei as suas manias. Procurei com os olhos, com os jestos, com as reações. Imaginei acordar ao lado de outros. Amar outros. Fazer as coisas que faço com você com outros. Imaginei se todas essas coisas teriam o mesmo sentido que tem com você.

Tem dias, que queria que você fosse como antes. Como nos primeiros beijos afoitos, nas primeiras descobertas, nas primeiras tentativas de construir o que temos hoje. Em outros dias, queria que você lá no futuro, com uma tranquilidade que não é sua. Tem dias que eu te imagino e desejo no futuro.

Acontece que eu e você estamos aqui no presente, no agora. No tedioso agora. No inacabável agora. No sistematizado agora. Nos problemas do agora. Não dá pra ficar no deleite do passado, muito menos no confortável do futuro. A gente precisa ficar no agora. Nesse agora que me sufoca, que me esvazia. A gente precisa ficar nesse agora que não tem graça nem tesão nem beijo na nuca nem café da manhã na cama nem romance nem livro nem lance nem nada. Nesse agora que me faz te procurar em outros, que me faz imaginar em outra.

Esse agora tão pequeno pra tudo o que eu queria sentir e viver. Esse agora que não tem comidinha na boca, poema do Vinícius no pé do ouvido nem cartão apaixonado. 

A dialética desse relacionamento é cruel. De um lado tudo o que eu não tenho e poderia ter - se você fosse outro - e no oposto tudo o que você não quer ser pra mim. Pra gente. 
Não dá pra viver querendo que o outro seja você. Não dá pra nutrir uma imagem que só tem a sua carne. Não dá pra esperar o Don Ruan e encontrar o Zé Bonitinho. Não dá pra viver nesse agora que só eu enxergo.

Eu não sou outra. Eu sou quem acorda ouvindo Vinícius, que suspira com beijo de novela, que pensa no melhor angulo pra te olhar. Pra te olhar. Eu adoro te olhar. Eu adoro pensar que você me olha. Eu adoraria pensar que meu batom vermelho te seduz ao invés de te afastar. Que meu salto alto te faz me querer mais ao invés de te forçar a andar mais lentamente.

As vezes, algumas vezes eu queria ouvir de outros o que eu não ouço de você. Queria ouvir de você o que ouço dos outros. Me enxergar no brilho dos seus olhos. Queria ver alguma necessidade urgente em você. Queria alimentar meu ego de mulher, de pessoa, de humana. 

Queria ver a certeza em você. A certeza que as vezes vejo em outros. Uma certeza que eu olho de lado, pra não acreditar muito e me policio dizendo que não passa de ilusão. 

Queria tanto, porque sai tanto de mim pra você. Mas quase tudo fica nas entrelinhas; você não percebe. Quase tudo fica no olhar vazio, no silêncio que afasta, no tédio do mais do mesmo. 

Tudo fica parado no ar enquanto eu penso que você podia ser outro.

nayarac.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sendo do contra por esporte.

Esse relato servirá a dois nobres motivos: o registro para a posteridade e a chance do reconhecimento e reflexão dos homens.

Era noite e estávamos sentados na sala, cada um com sua distração particular. A tv ligada dava a consistência dos relacionamentos familiares modernos. É assim na minha casa, como em todas as demais. Meu pai, figura ímpar em vários e controversos sentidos, usava uma tesoura para cortar pequenos pedaços de barbante. Eu, no sofá oposto, fazia uma mistura de trabalho com preguiça e cansaço mental.  
Apesar de sermos tidos como normais, existem muitas minúncias que são somente percebidas no lido diário de nossas vidas. O exemplo dessa passagem, é a propensão compulsiva de papai por ser do contra. 
Acredito - com certo esforço - que isso é mais um  traço de sua personalidade do que de outra coisa qualquer e tento, na maioria das vezes, aceitar isso com um imenso suspiro conformado.
Papai tem seu trejeitos e todos temos o direito de te-los. Uns nos irritam mais que os outros, mas todos são absolutamente superáveis. 
Acontece que nessa noite ele estava em uma disputa particular. Queria - de alguma forma - que nós sucumbíssemos a essas pequenas epifanias de contrariedades que ele tinha. Qualquer que fossem nossas palavras - minhas, de mamãe, dos cachorros ou do bebe - ele teria alguma resposta previamente elaborada para nos dar. Claro, a resposta tendo sentido ou não, era do contra.
Resisti bravamente a todas as colocações dele que me levassem a uma resposta qualquer. Só fiquei ali, vivenciando o conjunto familiar no silêncio de minhas obrigações. 
Era tarde, como eu já disse, e o volume da tv foi diminuindo. Ele com a tesoura na mão e seu nheque-nheque característico. Eu no sofá oposto, já desligando o computador me deparo com esse diálogo.

"Tá ouvindo esse barulho?"
"Qual pai?"
"Esse que parece um agudo. Mas parou agora."

Ele voltou a manusear a tesoura e ela voltou a fazer o nheque-nheque e o barulho agudo - que era resultado do atrito entre as partes da tesoura.

"Ah! escutei agora. Deve ser a tesoura..." Não que aquela frase pretendesse colocar um ponto final para a conversa, mas era a sugestão mais racional que se podia encontrar as beiras da meia noite.

Essa foi a oportunidade perfeita para ele. Do alto de sua imensa contrariedade, ele solta essa:

"Não; não é isso. A tesoura faz um barulho que nós não conseguimos ouvir e lá fora tem um morcego que - por escutar super bem - responde a tesoura, pensando que ela é uma fêmea."

Depois de todo esse raciocínio, só me restou ir dormir. Não sem antes rir por 15 minutos seguidos.

nayarac.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Minha experiência no olook

Eu conheci o projeto do site olook.com.br um pouco antes dele ser lançado oficialmente, através de um link que o namorido compartilhou comigo. Como somos programadores, é comum lermos várias notícias que envolvem nossa profissão e o que está por trás do Olook é algo bem interessante.

Contudo, esse relato é sobre o lado consumidor mesmo da coisa. Eu já pensava em escrever sobre isso, e quando li o post da Tamy fiquei mais a vontade para faze-lo. 

Esse tipo de post tem a finalidade de reunir informação para quem deseja fazer compras online mas por algum motivo tem receio. Então, assim como o post da Tamy o meu é sobre o processo de compra no sistema olook.com.br

Como eu já sabia do site, quando ele foi lançado fui correndo conferir qual era a dele. Eu também já conhecia um site bem parecido - na proposta - o Shoes4you. A principal diferença - e vantagem do olook - é que se você não curtiu as coisas da sua seleção de produtos pode olhar facilmente os outros produtos. É só clicar ali do ladinho e pronto.

Porque na minha cabeça acontece assim: não importa se o meu é lindo e maravilhoso! eu quero ver o do outro. E isso me deixa bem satisfeita em relação ao site.

O processo de compra também é bem simples e até quem nunca fez nenhuma compra pela net se sente confortável pra fazer. Nada fica nas entrelinhas do processo; é tudo bem simples mesmo. 

Antes do site ser lançado, eu li uma matéria onde um dos fundadores do projeto dizia que os produtos vendidos seriam exclusivos e de qualidade. Ok que os produtos tenham uma quantidade reduzida e por isso acabam como exclusivos, mas sobre a qualidade é preciso dizer que não se trata de uma empresa que faz os produtos ou coisa parecida. São produtos como os que se encontram nas lojinhas bacanas de nossas cidades. Se é que vocês me entendem. São bons produtos importados; assim explica melhor.


Eu fiz duas compras no site. A primeira foi de uma bolsa e a segunda de uma sapatilha. O processo depois da compra realizado é algo meio mágico. O status fica lá paradinho e até parece para algumas afoitas como eu que deu tudo errado e esqueceram de você. Só que quando menos se espera, pimba! sua encomenda chega.


Da primeira vez, eu não estava in loco pra receber o pacote e até entrei em contato com a transportadora pra informar isso, mas a entrega já tinha sido realizada - para meu vizinho de escritório - e no fim deu tudo certo. 


Os produtos  em si são bem legais mesmo! A bolsa é a cara da ryqueza e a sapatilha é uma irmã gêmea separada na maternidade daquela bicolor da Zara. As ferragens são bem acabadas e o forro da bolsa bem costurado e de um tecido resistente. A alça extra tem os mosquetões meio fraquinhos - eu achei - mas nada que beire o uó. A sapatilha é confortável e muito gracinha! Arrematei ela na liquidação que o site fez.


Em suma, comprar no olook é bem vantajoso. Os produtos são bons e tem um preço justo. O atendimento é rápido e o papel que vem no embrulho é muito gracinha! 


nayarac.

domingo, 11 de março de 2012

10 coisas aleatórias sobre mim - inspiração.

Meu reader tá repleto, quase entupido, de coisas bacanas e divertidas.
Tem coisas que soam mais densas e complexas também, mas confesso que gosto de ler sobre a leveza e doçura. 
Uma das leituras que se encaixa incrivelmente bem nesses termos é o Reverbera querida, da Eliza Leopoldo. No blog, além de textos engraçadíssimos, tem uma série de posts bem interessantes, chamados 10 coisas aleatórias sobre mim.
Sempre que leio esses posts em especial, fico pensando quais seriam 10 coisas aleatórias sobre mim que eu escreveria aqui. Hoje tive tempo, disposição e inspiração para faze-lo. 

1 - Sou uma romantica/sonhadora/coração de manteiga irremediável. 
2 - Adoro arrumar gavetas, guarda roupas, armários, estantes e afins do gênero.
3 - Todos os dias eu choro um pouquinho.
4 - Tenho uma imensa dificuldade em confiar nas pessoas, quaisquer que sejam elas.
5 - Acredito cegamente que a cor do céu nos sábados é mais bonita do que nos outros dias.
6 - Meu programa preferido do mundo é ver desenho animado.
7 - Sofro bulling por gostar de azul marinho.
8 - Tenho preguiça de pintar as unhas do pé.
9 - Tenho muito medo do escuro.
10 - Trabalhos manuais me acalmam.


Bem, foi o mais aleatório sobre mim que consegui.
nayarac.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ioga ou Yoga em Birigui - um ano depois

Mais de um ano atrás, eu escrevi aqui nesse registro memorativo de mim mesma, sobre uma aventura que estava entrando: a prática de yoga.  
E eu descobri, com o passar do tempo e da prática, que existe um quase universo paralelo entre dizer pra alguém que você faz yoga e a pessoa entender o que realmente acontece.

Confesso que é complicado até pra mim entender o que é yoga, as vezes.

Porque é mais que exercício, é mais que mantra, é mais que meditação. Yoga é, pra quem aceita isso, uma prática que muda sua vida e sua maneira de ser na vida. 

Não, isso não tem nada a ver com os dogmas que envolvem o yoga no oriente. Não mesmo; eu preciso ser enfática pra evitar quaisquer outras imaginações aleatórias. Claro, você como ocidental pode incorporar a cultura indiana e tal, mas não é o caso e nem costuma ser. 

Fazer yoga é algo que começa com umas dores (não preciso mentir, vai) e continua com descobertas. De você mesmo, principalmente.

Quando eu entrei, foi pra tentar consertar minha postura, que sempre foi horrível. Hoje, ela tá bem melhor, mas nem é meu melhor lucro. O que mais vale pra mim nessas aulas é saber que eu sempre vou sair de lá um pouco melhor do que eu entrei. Meu corpo melhor, minha cabeça melhor, meu olhar pro outro melhor. 

Mas engraçado é que ninguém que eu conheço pensa nessas coisas quando eu digo que faço yoga. Todos sempre perguntam a mesma coisa: não é chato ficar lá meditando? como é que vocês fazem?; é só deitar e relaxar? é pra emagrecer?

Eu acho graça, e explico no final. Ou tento. Yoga é uma prática que não dá pra dizer: a gente sobe na esteira e fica andando. Yoga é como um balança, onde a gente vai percebendo com o passar do tempo onde é que tá mais pesado, onde é que tá mais leve. O efeito colateral disso é que você se acha na prática, mesmo sem seguir a "filosofia" totalmente.

Tudo isso que estou dizendo se sustenta apenas em mim. Não faz parte de nenhuma metodologia ou instrução mais profunda; nas aulas as conversas sempre são ou paralelas ou pequenas curiosidades sobre a prática. O que eu sei sobre yoga resulta da minha prática, do conhecimento que eu tenho sobre a cultura indiana e sobre coisas que leio aleatoriamente.

E todo esse conjunto sustenta - bem solidamente - tudo o que eu sinto e entendo sobre yoga. Fazer yoga pode sim te deixar mais magro, mais forte, mais torneado, como uma academia. Também pode te deixar mais concentrado e mais ágil ou ainda mais disposto e bem humorado.

Mas o melhor que o yoga pode fazer por você é se importar: com o que você come, como você vive, com quem você vive. Hoje, um pensamento mais que incrível aconteceu na aula. E eu encontrei em palavras tudo o que eu sempre quis dizer sobre yoga mas não conseguia: Yoga não é pra te fazer melhor que os outros, é pra te fazer melhor para os outros. 

E é isso ai mesmo.

nayarac.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Forçando a barra.

Ontem completei 25 anos.
E, aparentemente, isso significa que sou uma adulta. Quer dizer, acho que não sou mais adolescente ou jovem a bastante tempo, exceto na idade mental. 
O que quero dizer é que não tem como mais, por exemplo, meus pais dizerem "Nós temos três filhos, dois já criados e uma menina." Não tem mais como isso acontecer, a partir do próximo domingo.
Já não sou mais proibida de ver nada, nem de não entrar em algum lugar.
Sou adulta.
E isso é bem estranho pra mim, que as vezes juro por tudo que ainda tenho 18 anos. Sério, pra mim não faz assim aquela diferença. Talvez agora eu sinta a diferença. 

Mas tem uma coisa que, desde algum tempo atrás, eu sinto em relação a minha idade: eu sei que não sou mais jovem. Do tipo que não é adolescente nem pré nem pós. Não sei bem como identificar pela faixa etária, mas estou me referindo aquelas pessoas que tem mais que 10 e menos de 20 anos.

É estranho, porque essa parcela da população me dá a impressão de que também não é jovem. O que eles são ou representam ser é uma indiferença gritante. Eu poderia achar - como quase todo mundo acharia - que esse pessoal é uma incógnita. Mas não, eu realmente não acho isso.

E não acho por um motivo bem simples: incógnitas são interessantes e a esfinge grega tá ai pra não me deixar mentir. O que eu estou chamando de jovens nesse pensamento desconexo são aquelas pessoas que, de tão rasos, formam quase uma massa homogênea e sem forma que mais parecem uma gosma do que qualquer outra coisa.

Alto lá que já pensa de antemão que isso é um reflexo saudosista de qualquer coisa que eu não vivi. O que falo é mais fundo que isso ou outro mero chororo; aqui eu expresso um misto de indignação com nojinho desse pessoal que coloca no Facebook um Obrigado Senhor qualquer pelo meu livro de auto ajuda que me serviu pra passar no vestibular e me manter no status de estudante. 

Essa coisa de ser linda, maravilhosa, peituda, sarado com 14 anos e, apesar de tanto sucesso entre uma e outra pose de orkut postada na rede, ainda precisa de autorização dos pais pra entrar na boate. Pra ir na academia. Pra comprar kinder bueno no intervalo das aulas. 

Essa gosma me assusta, não porque entopem a timeline, mas porque serão amanhã o que eu sou hoje. Estaram nas faculdades, se tornando pseudo estudiosos que leem os clássicos publicados em edições de bolso. Fazendo festinhas regadas a cerveja barata bancada pela mesadinha que a mamãe dá as escondidas do papai. 


É triste. E eu fico triste não pela tristeza em si dessa decadência de gente, mas porque eu simplesmente não consigo fazer nada a respeito. Não posso sair pelas escolas pregando a salvação deles. Não posso principalmente porque também não fui salva. Eu tive que me virar pra me transformar nessa adulta esforçada pra pensar por mais de cinco minutos em coisas que não sejam como está o meu cabelo ou qual será a cor do meu próximo sapato. Eu me virei, mas não tem como garantir que eles vão se virar também.


Engraçado é que, apesar de já saber do fracasso disso, o universo continua insistindo no processo de seleção natural das coisas.


nayarac. - agora, adulta.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O peso

Se os números representam a soma da minha carne e meus ossos, o que poderia representar o espaço ocupado pela minha culpa?
Porque ela existe, forte e latente dentro de mim. Tanto é assim que eu nem me lembro do tempo em que vivi sem ela.
Talvez isso também me de certa culpa: não ser capaz de lembrar de um tempo melhor, mais calmo e confortável da minha vida. Eu me culpo por esquecer.
Como também me culpo em igual intesidade se me atraso 10 minutos. E também quando coloco o relógio para despertar 5 minutos antes do que devo acordar só para dormir mais 5 minutos e ainda acordar na hora certa.
Eu acordo culpada todos os dias então. Porque por mais culpa que eu sinto, eu coloco o relógio marcando sempre o mesmo horário.
Sinto culpa por não estar perto e por não estar longe. Por amar demais, por demonstrar isso menos do que eu gostaria.
Aliás, eu sinto culpa por nunca achar o ponto certo para demonstrar as coisas: sempre eu podia ter feito mais. Eu me culpo por não exergar o suficiente.

Eu sinto culpa qndo me divirto sem ele, como hoje. Mesmo sabendo que ele não estaria comigo se fosse o caso.

Eu sinto culpa por pensar isso. Sinto culpa por querer ver um filme que passa de madrugada. Por comprar esmaltes. Por "esquecer" de presentear alguém. Sinto culpa por comprar, por não comprar, por querer comprar, por desejar alguma coisa.

Sinto culpa porque gosto de estudar mas não tenho muito tempo. Sinto culpa por dizer que não tenho tempo, porque afinal, onde já se viu?!?! eu precisaria fazer meu próprio tempo.

Sinto culpa por não saber fazer isso.
Sinto culpa até das coisas que eu sei - razoavelmente - fazer.

Eu sinto tanta culpa que estou quase saindo do meu corpo pra culpa que existe em mim poder ocupa-lo devidamente.

nayarac.