domingo, 10 de outubro de 2010

A escolha mais difícil

Desde o meu sempre (de pessoa) imaginava que seria o máximo poder saber tudo o que existe por ai no mundo.
Passava horas pensando sobre todas as coisas que eu não sabia e como seria maravilhoso desobrir todas elas.
Mas esse anseio não era doloroso, pelo contrário: era divino imaginar esses momentos nos braços da glória do saber. (LOL)

Acontece que a gente cresce. E o que antes era divinamente lindo acaba se tornando mais complicado. É mais ou menos assim que acontece quando a gente escolhe o que fazer da vida (claro, se você for gênio desde sempre é diferente). E o que escolher se eu gostava somente e tão somente de saber?

Porque é mais difícil na prática que na teoria: eu não tinha nenhuma propensão. Eu não me prendia a nada. Minha ideia (fixa!!) era somente saber. Porque afinal, o mundo era tão grande e lindo que eu não me via sem passar o resto da vida pesquisando e estudando e conhecendo isso.

Foi nesse momento que a História entrou na minha vida. Mas não como uma rolha para o buraco da indecisão, e sim como uma chance de estar perto desse mundo que eu imaginava existir.
Sim, imaginava. Porque na minha ilusão, mundo era longe, lá fora. Distante daquilo que eu chamava de Brasil, de realidade, de Birigui, de vida.

O mundo que eu queria descobrir não existia de verdade.

E eu só pude perceber isso estudando as coisas do meu mundo de verdade. Das guerras, das decisões, dos sistemas, teorias, das políticas. Foi desconstruindo essa visão de distância que eu mantia que finalmente consegui enxergar que o mundo que era preciso descobrir não estava lá e sim aqui.

Aqui no meu país, na minha cidade, nos governantes, nas políticas, na cultura, nas pessoas. O que sempre me instigou - e eu nem desconfiava - não era o "de fora" e sim o de dentro. Eram os problemas do Brasil, era minha insatisfação com seus governantes, com esse (certo) marasmo do povo daqui; era isso que me tirava do sério (ok, ainda tira).

É por isso que eu preciso estudar, pesquisar, escrever sobre o Brasil, sobre sua gente, seus costumes, suas escolhas. Vai ser somente aqui que encontrarei minhas respostas, perguntas e realizações.

Uma vez ouvi o Tom Jobim (pessoa que trago no coração desde o nascer) a seguinte teoria:

"Se você for um excelente músico (ele disse), faça música brasileira.
Se for um músico mediano, faça música brasileira.
Se for um mal músico, faça música brasileira.
Agora, se você for um péssimo músico, faça música brasileira.
Porque o mundo tá cheio de gente lá fora fazendo música que não é brasileira."


(A casa do Tom - Estúdio Biscoito Fino)

Esse foi meu trajeto. Foi nesse caminho que cheguei até aqui onde estou agora, pronta para seguir por outros.
Outros que talvez me levem para caminhos distantes, mas que certamente me ajudarão a descobrir mais e mais desse mundo que agora é muito real.

nayarac.

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