quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sobre a História das coisas e uma explicação

Acho que todos que leem este blog já sabem que pleito a profissão de historiadora.
Pleito porque apesar de estar em um curso de, como diria Caetano, ou não.
Enfim, reflexões a parte, fato é que este post e o que o segue vão conter um papo mais cabeça, um tipo de conversa mais direcionada sobre o que eu estudo.

Neste post vou falar um pouco sobre a República Velha no Brasil e seus pontos mais consideráveis. Claro que por ser uma conversa informal, ela não tem todas as abordagens ou correntes historiográficas. É apenas um "para saber mais" que vou compartilhar com vocês.

Boa leitura.
PS: vou dividir o post em duas partes.

Parte I

República velha é o termo usado para designar um período político no Brasil ocorrido entre os anos de 1889 à 1930. O termo “velho” nada tem a ver com a temporalidade (velho ou jovem) e sim com o estilo político que se adotou.

Para compreender tal estilo, se faz necessário entender o cenário político, econômico, social e ideológico que antecederam a república: o Brasil Império estava em um momento que não era mais capaz de sustentar as espectativas e interesses dos grupos dominantes. Exemplo disso se pode ver na fala dos agricultores ao dizerem que o Império não apoiava economicamente (com pedidos de empréstimos no exterior) as lavouras de café – orgulho e maior fonte de renda do país. Verdade ou não, fato era que Dom Pedro II e sua política já não garantiam o pleno funcionamento do governo.

Diante disso a necessidade de mudar o sistema foi inevitável e todos aqueles grupos que não se sentiam atendidos pelas práticas do Império (cafeicultores, comerciantes, militares) idealizaram que o regime republicano era a melhor opção para se aplicar no país – mesmo que o sentido de república fosse completamente diferente para cada um deles.

Apesar de parecer simplista, a passagem de império para república não o foi: existiam elementos que ainda sustentavam e legitimavam o império, como a escravidão e a própria figura do imperador, e que por suas razões de ser não poderiam ser mantidas. Com a queda desses elementos era mais fácil inserir outra forma de governar aquilo que era desejado por alguns e não o que era preciso por muitos. Afinal, o sistema poderia ser novo, mas a prática que o regeria seria a mesma de antes; não havia e nem houve a intenção de mudar qualquer estrutura no país, somente diminuir as distâncias entre interesses e interessados.


Assim, fica fácil analisar o porque da permanência tão curta do primeiro presidente do país – Deodoro da Fonseca. O marechal, apesar de ser o proclamador da liberdade nacional não pode compreender que era preciso também mudar de postura; sua mentalidade monárquica o levou a ser deposto em menos de 2 anos após a posse. Depois dele, vieram outros que em maior ou menor medida, conseguiam guiar os interesses econômicos brasileiros (mas não sem pormenores e ressalvas) até a grande depressão de 1930.

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