quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Em 2011.

Sabe, eu amo minhas coisas.
Todas elas. Sem exageros ou afetações, amo de verdade. Cada coisinha que entulha minhas gavetas, cada papelzinho que fica "esquecido" por ai.

Cadernos antigos, roupas que não servem mais, fotos bobas. Brincos que perderam o "outro pé", pulseiras que não uso, canetas e canecas fofas.

Meus livros. Adoro dizer isso: Meus livros! Eles são meus e alguém poderia saber muitas coisas sobre mim só pelo modo carinhoso como os arrumo na estante. Amo olhar para eles quando estou sem sono.

E meus sapatos, o que dizer? Sou louca por eles. Cada um com sua história própria, com seu modelo que diz tudo sem dizer nada.

As cores maluquinhas dos meus batons, minha palette de sombras com 120 (!!!) cores diferentes. Céus!, de quantos olhos são necessários para se usar todas as possibilidades que essa palette tem?

Meu novo xodó é uma bandeijinha antiga onde coloquei meus perfumes sobre a penteadeira. Aquilo é tão lindo que sou capaz de passar horas ali só olhando - apaixonada - para ela.

E o lençol floral? Aff! Certamente ele não só parece, mas é o mais macio e aconchegante que já tive. Mais até do que aquele de ursinho da minha infância.

Eu amo todas essas coisas. Cada uma em especial, não tudo junto. Mas sabe de outra coisa: eu não sou essas coisas.

Amo cada uma delas, as coisas que me lembram, os lugares ou jeitos que usei ou nem usei cada uma...; mas certamente eu não sou elas.

Sou as coisas que aprendi - com ou sem o sapato novo. Sou os abraços que neguei por medo, os receios e as mágoas que tive. Uma parte de mim é feita pelas lágrimas que já derramei - justa ou injustamente - mas a outra é dos sorrisos, dos sonhos que trouxe escondidos em um canto qualquer.

Mesmo que eu pareça melhor com o batom do último desfile, quando ele se for, só vai restar eu mesma. E eu não posso acreditar que isso seja ruim, porque ai é como dizer que eu mesma, eu real sou ruim também.

E eu não sou ruim. Ninguém é, de verdade. O que acontece é que as vezes temos a péssima condição de apenas olhar as coisas das pessoas e não as pessoas de verdade.

Eu amo minhas coisas, porque elas me ajudam a lembrar quem eu sou e não porque podem contar para os outros quem eu deveria ser.

Mas com ou sem elas, eu devo seguir em frente. Porque é só para lá que se pode andar, sem volta ou remorsos. Mesmo que você perca aquela promoção sensacional ou aquele brinco que amava.

Porque você é você, eu sou eu e não as coisas que tenho.

nayarac.

Nenhum comentário: