segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Forçando a barra.

Ontem completei 25 anos.
E, aparentemente, isso significa que sou uma adulta. Quer dizer, acho que não sou mais adolescente ou jovem a bastante tempo, exceto na idade mental. 
O que quero dizer é que não tem como mais, por exemplo, meus pais dizerem "Nós temos três filhos, dois já criados e uma menina." Não tem mais como isso acontecer, a partir do próximo domingo.
Já não sou mais proibida de ver nada, nem de não entrar em algum lugar.
Sou adulta.
E isso é bem estranho pra mim, que as vezes juro por tudo que ainda tenho 18 anos. Sério, pra mim não faz assim aquela diferença. Talvez agora eu sinta a diferença. 

Mas tem uma coisa que, desde algum tempo atrás, eu sinto em relação a minha idade: eu sei que não sou mais jovem. Do tipo que não é adolescente nem pré nem pós. Não sei bem como identificar pela faixa etária, mas estou me referindo aquelas pessoas que tem mais que 10 e menos de 20 anos.

É estranho, porque essa parcela da população me dá a impressão de que também não é jovem. O que eles são ou representam ser é uma indiferença gritante. Eu poderia achar - como quase todo mundo acharia - que esse pessoal é uma incógnita. Mas não, eu realmente não acho isso.

E não acho por um motivo bem simples: incógnitas são interessantes e a esfinge grega tá ai pra não me deixar mentir. O que eu estou chamando de jovens nesse pensamento desconexo são aquelas pessoas que, de tão rasos, formam quase uma massa homogênea e sem forma que mais parecem uma gosma do que qualquer outra coisa.

Alto lá que já pensa de antemão que isso é um reflexo saudosista de qualquer coisa que eu não vivi. O que falo é mais fundo que isso ou outro mero chororo; aqui eu expresso um misto de indignação com nojinho desse pessoal que coloca no Facebook um Obrigado Senhor qualquer pelo meu livro de auto ajuda que me serviu pra passar no vestibular e me manter no status de estudante. 

Essa coisa de ser linda, maravilhosa, peituda, sarado com 14 anos e, apesar de tanto sucesso entre uma e outra pose de orkut postada na rede, ainda precisa de autorização dos pais pra entrar na boate. Pra ir na academia. Pra comprar kinder bueno no intervalo das aulas. 

Essa gosma me assusta, não porque entopem a timeline, mas porque serão amanhã o que eu sou hoje. Estaram nas faculdades, se tornando pseudo estudiosos que leem os clássicos publicados em edições de bolso. Fazendo festinhas regadas a cerveja barata bancada pela mesadinha que a mamãe dá as escondidas do papai. 


É triste. E eu fico triste não pela tristeza em si dessa decadência de gente, mas porque eu simplesmente não consigo fazer nada a respeito. Não posso sair pelas escolas pregando a salvação deles. Não posso principalmente porque também não fui salva. Eu tive que me virar pra me transformar nessa adulta esforçada pra pensar por mais de cinco minutos em coisas que não sejam como está o meu cabelo ou qual será a cor do meu próximo sapato. Eu me virei, mas não tem como garantir que eles vão se virar também.


Engraçado é que, apesar de já saber do fracasso disso, o universo continua insistindo no processo de seleção natural das coisas.


nayarac. - agora, adulta.

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